Eu Contumo dizer quem não gosta dos Xutos não é português e ontem assistí a mais um exelente concerto destes senhores com 30 anos de carreira e continuam arrastar multidões.
Em noite de pouco acerto para a Selecção Nacional, os Xutos & Pontapés jogaram em casa e ganharam. Emoção e devoção a rodos em mais um concerto da tour patrocinada pela Optimus.
“É sentado? Então queria bilhete para a frente, que a gente gosta de ver os actores”. A forma brincalhona como, ontem à noite, um espectador escolhia o seu lugar na Academia Almadense, a pouco mais de uma hora do espectáculo dos Xutos & Pontapés na cidade que os viu nascer, reflectia o tom de mais este concerto acústico da banda-instituição portuguesa: um misto de descontracção e emoção, quer por parte do grupo quer dos seus seguidores, que com os braços em “xis” e as letras na ponta da língua são uma parte tão importante no sucesso da actuação como músicas da laia de “A Minha Casinha”, “O Homem do Leme” ou “O que Foi Não Volta a Ser”.
À habitual proximidade entre público e banda, cultivada com gosto pelos Xutos & Pontapés, juntava-se então o “pormenor” de ser nesta cidade que o quinteto, agora promovido a “T5+1″ com a entrada de Pedro Gonçalves para a posição de baixista, encontra as suas raízes. Na Academia Almadense, eram muitos os espectadores que se cumprimentavam pelo nome e não foram poucas as vezes em que os gritos de “Xutos!” se confundiram com os de “Almada!”. Originais nas formas de provar a sua devoção, os fãs de todas as idades que encheram a sala iam desde o típico lenço vermelho no pescoço, à moda de Tim, à insólita t-shirt com os bilhetes de concertos impressos ou ao adolescente que, ao nosso lado, garantia conhecer “todos os técnicos da banda”. Ao longo do concerto, adivinhou também muitas das músicas nos primeiros dois segundos.
Muitos concertos acabam com ovações – o dos Xutos & Pontapés em Almada começou logo com uma, a primeira de muitas (se não contarmos com as tentativas de “animação cultural” que, mesmo antes de o concerto começar, um verdadeiro homem-ovação tentou levar a cabo, levantando-se e gritando de forma gutural “VAMOS EMBORA PÁ!”. Muitos obedeceram-lhe, batendo palmas a compasso).
“Barcos Gregos” foi a primeira música da noite, neste concerto acústico mas não muito (João Cabeleira tocou bem ligado à corrente, e toda a banda tem alguma dificuldade em controlar a energia que as canções e a presença dos fãs lhes transmitem). Incluída no disco de 1985, Cerco , “Barcos Gregos” acabou por fazer ligação directa com os dias de hoje, graças a deixas como “falta-me emprego para cá ficar” . Da mesma infeliz actualidade se reveste “Estupidez”, de 1992, apresentada mais para o meio do concerto.
Dispostos quase em linha, com Kalu e a sua bateria enfeitada com o galhardete do FCP uns centímetros atrás, os Xutos & Pontapés lançaram-se, após “Barcos Gregos”, a “Se Não Tens Abrigo”, “O Que Foi Não Volta A Ser” e “N’América” – atravessado o Atlântico, já a Academia Almadense era um mar de gente feliz, de sorriso ocasionalmente mostrado pelas luzes, que se afastavam do palco para iluminar a plateia.
Seguiu-se um dos grandes momentos da noite: “Esta Cidade”, cujos primeiros versos foram cantados na íntegra pelo público, antes que Tim pudesse sequer abrir a boca. Quando o fez, a voz saiu-lhe especialmente sentida e o diálogo com o saxofone de Gui tornou mais esta letra de inquietação social especialmente comovente. Também “Negras Como A Noite” tocou a veia “sulista” dos presentes, rejubilantes com a passagem “deste lado do rio” e ainda mais com os clássicos que se lhe seguiram: “Remar Remar” e “Circo de Feras”, com as luzes a pôr em evidência olhos húmidos em caras (ainda) felizes.
Nós sabemos que não é fácil passar um concerto inteiro dos Xutos sentados”, reconheceu a banda, elogiando ainda o carinho emprestado pelos espectadores. “Qualquer banda no mundo gostava de ter a relação que a gente tem vocês”, afirmou Zé Pedro, antes de apresentar os companheiros: o “motor” Kalu, na bateria e voz; o guitarrista e “gajo ímpar” João Cabeleira; o “engenheiro fantástico” Tim e, “no saxofone, teclados e chocalho”, Gui. Tim tratou de apresentar o relações públicas dos Xutos & Pontapés, com um elucidativo: “Desde o primeiro ensaio dos Xutos, o único Zé Pedro”.
Depois de uma passagem pelo novo disco, com “O Santo e a Senha” e “Perfeito Vazio”, o concerto entrou em modo celebratório, com a energia de “Vida Malvada”, “Para Ti Maria” ou “Fim do Mês” a fazer levantar muita gente das cadeiras.
Já em encore, uma versão muito eléctrica de “Dantes”, acompanhada por “Ai A Puta da Minha Vida” e “Ai Se Ele Cai”, instalaram definitivamente a loucura na Academia Almadense, com muitos espectadores – e espectadoras – a abandonarem as cadeiras e juntarem-se à banda na frente do palco. Até que, na despedida, os coros espontâneos de “A Minha Casinha” se confundiram, como num truque de magia, com a canção propriamente dita, oferecida com a generosidade e a entrega do costume pelos Xutos & Pontapés.
Ganhar em casa pode parecer tarefa fácil, mas não é proeza que se alcance sem muito trabalho e uma boa dose de humildade. De todas as oportunidades de remate que os Xutos & Pontapés tiveram ontem à noite, frente a um público que os adora incondicionalmente, é justo dizer que todas resultaram em golo. Esta gente não dorme em serviço.
Muitos concertos acabam com ovações – o dos Xutos & Pontapés em Almada começou logo com uma, a primeira de muitas (se não contarmos com as tentativas de “animação cultural” que, mesmo antes de o concerto começar, um verdadeiro homem-ovação tentou levar a cabo, levantando-se e gritando de forma gutural “VAMOS EMBORA PÁ!”. Muitos obedeceram-lhe, batendo palmas a compasso).
“Barcos Gregos” foi a primeira música da noite, neste concerto acústico mas não muito (João Cabeleira tocou bem ligado à corrente, e toda a banda tem alguma dificuldade em controlar a energia que as canções e a presença dos fãs lhes transmitem). Incluída no disco de 1985, Cerco , “Barcos Gregos” acabou por fazer ligação directa com os dias de hoje, graças a deixas como “falta-me emprego para cá ficar” . Da mesma infeliz actualidade se reveste “Estupidez”, de 1992, apresentada mais para o meio do concerto.
Dispostos quase em linha, com Kalu e a sua bateria enfeitada com o galhardete do FCP uns centímetros atrás, os Xutos & Pontapés lançaram-se, após “Barcos Gregos”, a “Se Não Tens Abrigo”, “O Que Foi Não Volta A Ser” e “N’América” – atravessado o Atlântico, já a Academia Almadense era um mar de gente feliz, de sorriso ocasionalmente mostrado pelas luzes, que se afastavam do palco para iluminar a plateia.
Seguiu-se um dos grandes momentos da noite: “Esta Cidade”, cujos primeiros versos foram cantados na íntegra pelo público, antes que Tim pudesse sequer abrir a boca. Quando o fez, a voz saiu-lhe especialmente sentida e o diálogo com o saxofone de Gui tornou mais esta letra de inquietação social especialmente comovente. Também “Negras Como A Noite” tocou a veia “sulista” dos presentes, rejubilantes com a passagem “deste lado do rio” e ainda mais com os clássicos que se lhe seguiram: “Remar Remar” e “Circo de Feras”, com as luzes a pôr em evidência olhos húmidos em caras (ainda) felizes.
Depois de uma passagem pelo novo disco, com “O Santo e a Senha” e “Perfeito Vazio”, o concerto entrou em modo celebratório, com a energia de “Vida Malvada”, “Para Ti Maria” ou “Fim do Mês” a fazer levantar muita gente das cadeiras.
“Nós sabemos que não é fácil passar um concerto inteiro dos Xutos sentados”, reconheceu a banda, elogiando ainda o carinho emprestado pelos espectadores. “Qualquer banda no mundo gostava de ter a relação que a gente tem vocês”, afirmou Zé Pedro, antes de apresentar os companheiros: o “motor” Kalu, na bateria e voz; o guitarrista e “gajo ímpar” João Cabeleira; o “engenheiro fantástico” Tim e, “no saxofone, teclados e chocalho”, Gui. Tim tratou de apresentar o relações públicas dos Xutos & Pontapés, com um elucidativo: “Desde o primeiro ensaio dos Xutos, o único Zé Pedro”.
Já em encore, uma versão muito eléctrica de “Dantes”, acompanhada por “Ai A Puta da Minha Vida” e “Ai Se Ele Cai”, instalaram definitivamente a loucura na Academia Almadense, com muitos espectadores – e espectadoras – a abandonarem as cadeiras e juntarem-se à banda na frenue, na despedida, os coros espontâneos de “A Minha Casinha” se confundiram, como num truque de magia, com a canção propriamente dita, oferecida com a generosidade e a entrega do costume pelos Xutos & Pontapés.
Ganhar em casa pode parecer tarefa fácil, mas não é proeza que se alcance sem muito trabalho e uma boa dose de humildade. De todas as oportunidades de remate que os Xutos & Pontapés tiveram ontem à noite, frente a um público que os adora incondicionalmente, é justo dizer que todas resultaram em golo. Esta gente não dorme em serviço.